Compartilhar é tendência, significa consumir sob demanda. O conceito por trás de economia compartilhada é ter acesso aos produtos e serviços e não mais a sua propriedade.
Na economia compartilhada, colaborativa ou em rede, a experiência é mais valiosa que a posse.
Este modelo econômico tomou força a partir da recessão de 2008, baseando-se na preocupação ambiental, nas tecnologias e no sentido de importância da comunidade (redes sociais). O modelo considera ser possível manter o mesmo estilo de vida sem precisar adquirir, impactando positivamente nas finanças pessoais e na sustentabilidade do planeta.
O conceito de compartilhamento não é considerado inovador, afinal já era possível ter acesso a alguns produtos e serviços sem comprá-los e/ou dividindo recursos:
Um exemplo? As lojas de aluguel de vestidos de noivas e de festas.
Outro exemplo? A carona para a faculdade, onde cada dia um amigo dirigia e quem não tinha carro não era excluído, e contribuía para a gasolina.
Mais um exemplo? República de estudantes.
Exemplo mais recente? A “mãetorista”.
A ampliação do conceito de compartilhar se tornou possível com o desenvolvimento tecnológico, com o ambiente digital, à medida que que a internet passou a fazer parte da vida das pessoas.
O impacto da tecnologia é tão grande que trouxe disrupção em vários negócios.
Vamos conhecer um pouco da história?
Professor Lawrence Lessig, da escola de Direito de Harvard, é considerado por muitos o 1º a usar o termo “economia compartilhada” em 2008. A origem do termo, no entanto, é desconhecida.
Rachel Botsman da Oxford University, pesquisadora do tema, em seu livro com Roo Rogers, “What´s Mine is Yours” (2010), entendem que o consumo colaborativo foi reinventado pela tecnologia em escala, que antes não estava tão disponível. Dividiram o consumo colaborativo em 3 sistemas:
1. Sistema de produtos e serviços, que ocorre quando se precisa do benefício e não do produto em si, não há necessidade de ter o produto.
2. Redistribuição, em vez de jogar no lixo, o principio passa a ser reduzir, reusar, reciclar, reparar e redistribuir.
3. Estilos de vida (lifestyles) colaborativos: compartilhamento de recursos, como “coworking”.
Rachel, em 2014 define economia colaborativa como o sistema baseado em compartilhar serviços e bens subutilizados por uma taxa ou até mesmo de graça, diretamente de indivíduos.
Exemplos de negócios?
Na categoria de sistema de produtos e serviços, onde o consumidor deseja o benefício do produto, surgiram negócios como o UBER e BNB onde os proprietários de carros e imóveis rentabilizam seus bens com serviços de transporte e aluguel. Por trás de ambos existe uma plataforma que faz a intermediação e atinge um grande público. Esses dois negócios foram tão impactantes que por muito são considerados disruptivos nos segmentos de transporte e hotelaria.
Em pouco tempo ficou disponível um leque de serviços e produtos sem precisar adquirir os bens. Quase todos os negócios podem adotar o modelo. Em 2018 é possível alugar bicicletas, brinquedos, eletrônicos, espaços de trabalhos (coworking), até mesmo malas que ocupam tanto espaço em casa, entre muitos outros.
Nestes novos negócios, diferente da ideia de intermediação direta entre indivíduos (peer to peer), existem empresas que detém os ativos, uma transformação do conceito original.
Preços melhores, conveniência e sustentabilidade são fatores-chave para o crescimento do conceito, cuja cultura está sendo disseminada pelos millennials.
Por outro lado, com esta mudança de comportamento, deixa de existir o amigo que emprestava, pois tudo pode ser monetizado, virar negócio. Onde ficaria a camaradagem? Enfim, compartilhar neste modelo, não significa ser benevolente, significa dar acesso.
A economia compartilhada veio para ficar. Implica na mudança do conceito de confiança, da amizade, e tem impacto na economia tradicional. Voltaremos ao assunto em outros posts.
Fonte da imagem: (1) Economia Colaborativa (2) Três sistemas de consumo colaborativo
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