por Vera Silva para BlogFpM.
Crises financeiras e econômicas não são eventos recentes, nem desconhecidos. Há diversas obras escritas, tanto por historiadores quanto por economistas, que tentam desvendar os seus segredos.
As primeiras crises financeiras, como as que conhecemos hoje, datam do início do século XVII e XVIII. Na Holanda, durante a década de 1630, ocorreu a primeira bolha especulativa, que ficou registrada na História como “mania das tulipas”. A tulipa, proveniente da atual Turquia, tornou-se muito cobiçada dada a sua beleza e o status que ela conferia a quem a cultivasse em seu jardim; isso fez com que a procura se aquecesse e os seus preços se elevassem a níveis estratosféricos. Muitas pessoas se endividaram e venderam suas propriedades para especular na bolsa de valores com as tulipas. No entanto, como sempre ocorre com essas bolhas, alguém percebe que o peço negociado não corresponde ao valor real do bem e, quando começa a vender seus ativos, eles são seguidos por outros especuladores e então, os preços despencam até que a “bolha” estoura.
Essa estória apenas resume as características de uma crise financeira: os preços dos ativos reais e financeiros se elevam como resultado da demanda aquecida, especulação e alavancagem. Alguns especuladores se endividam para aproveitar os ganhos financeiros proporcionados por esses ativos, o que estimula ainda mais a elevação dos seus preços e a sua oferta.
No entanto, de acordo com as leis da Oferta e da Demanda, quando a oferta supera a demanda, os preços caem. Por algum motivo, perde-se a confiança nesses ativos e na tendência de elevação dos seus preços. Segue-se um comportamento de manada, com todos os investidores querendo vender seus ativos antes que eles percam ainda mais o seu valor.
Como muitos especuladores se endividaram, porém, não conseguiram realizar os seus ganhos e, também, não conseguem honrar seus empréstimos, comprometendo a saúde financeira do sistema bancário. Segue-se, então, um período de deflação (leia-se: de redução dos preços) seguida por uma crise sistêmica, iniciando um período de contração que pode resultar numa recessão.
É necessário, então, uma ação que evite que essa deflação preceda uma depressão. O banco central, ou outra autoridade monetária deverá agir como emprestador de última instância conferindo liquidez ao sistema bancário para evitar uma “quebradeira” generalizada que contamine as demais instituições financeiras e, também as empresas da economia real.
No momento atual, no início de 2020, estamos vivendo uma pandemia que está se tornando uma crise sanitária. O isolamento social e a quarentena adotados pela maioria dos países está provocando uma retração tanto na demanda, quanto na oferta. Assim, estamos tendo reflexos na economia real e isso também terá impacto sobre o sistema financeiro, tendo em vista a retração nos pagamentos e recebimentos.
Do ponto de vista da especulação financeira, neste cenário de pandemia, paralelamente à desaceleração da economia real, os preços dos ativos negociados nos mercados financeiros despencaram na medida que os agentes perceberam que suas posições poderiam não gerar ganhos futuros.
Fonte da Imagem: (1) Unplash fou Wix - Tulipe (2) Recessão
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