Celina Gomes para BlogFpM.
A nossa conversa deste mês é sobre o ChatGPT, a ferramenta de Inteligência Artificial (IA) que foi assunto desde o Fórum de Davos, na Suíça, até o programa Fantástico, da Rede Globo.
GPT é a sigla para Generative Pretrained Transformer (Transformador Generativa Pré-treinado em português) - uma ferramenta, desenvolvida pela startup OpenAI, que responde nossas perguntas.
A partir de frases simples, escritas em linguagem corrente, desenvolve textos sobre um determinado assunto e gera poemas, letras de músicas, obras literárias em geral. A ferramenta gera até mesmo código de programação. Um gerador de vídeos já está em andamento.
Uma ferramenta com tal capacidade nos traz questionamentos sobre:
(a) o futuro de muitas profissões e empregabilidade,
(b) sobre a autoria de trabalhos artísticos e
(c) sobre a elaboração de trabalhos escolares, universitários e teses.
Além destes pontos, é uma ferramenta que pode tirar mercado dos próprios buscadores da internet, em especial o Google, com sua imensa fatia de mercado. Neste ponto cabe diferenciar estes dois tipos de ferramentas:
Um buscador nos traz endereços de internet, e cabe a nós filtrar e analisar as informações aí contidas para tomarmos nossas decisões. A informação é sempre coletada online.
No caso do ChatGPT, existe uma gigantesca base, que absorve conteúdo de informações e já o trata. Vale notar que a versão atualmente disponível (jan/23) tem informações até 2021. Assim, informações mais recentes não farão parte das respostas exibidas. Mesmo se tivesse, sempre existe o risco, que não é baixo, de as respostas serem incorretas. Também não informa as fontes de informação que utilizou em sua resposta.
A Inteligência Artificial (IA) já é objeto de pesquisa há décadas, mas o que tornou o assunto mais popular nos últimos meses foi a facilidade de uso da ferramenta e a extensão de aplicações para o cotidiano das pessoas. Por enquanto, a ferramenta não tem custo. Todos podem utilizá-la.
A IA é uma área de conhecimento que já está em nosso dia-a-dia e em diversas aplicações que usamos, como tradutores online, recomendações de lojas virtuais ou serviços de streaming para recomendar filmes e sistemas de prevenção a fraude em cartões de crédito.
Voltando aos questionamentos, o primeiro deles é sobre a questão de atividades elaboradas no ambiente produtivo. A nova ferramenta certamente vai permitir a automação de atividades não apenas operacionais, mas também elaboração de textos informativos. Um exemplo é o atendimento a clientes. Quanto a este ponto, lembramos que a Revolução Industrial inicialmente eliminou atividades com a mecanização, mas posteriormente novas funções passaram a existir. Podemos dizer o mesmo em relação ao surgimento da Tecnologia da Informação.
Em relação ao trabalho artístico, até agora houve experiências aceitáveis, mas não brilhantes. O ponto mais questionável é a definição da autoria, uma vez que a ferramenta se vale de uma imensa base de conhecimento para gerar o conteúdo solicitado. Quais os direitos dos artistas cujas obras estão na base de conhecimento?
Finalmente fica a questão dos trabalhos escolares e universitários. Já houve registro de trabalhos gerados pelo ChatGPT serem aceitos em universidades americanas. A ferramenta ainda é deficiente em conceitos matemáticos e alguns tipos de análise. Em nossa visão, o relacionamento e formas de avaliação deverão ser revistos, a fim de que mestres possam avaliar corretamente alunos de diversos níveis.
Outro ponto importante é que a ferramenta tem se mostrado deficiente em cálculos matemáticos e análises de problemas básicos de física. No último dia 30/janeiro foi anunciada uma atualização. A utilização do ChatGPT neste âmbito deve ter sua atenção redobrada.
Não pretendemos esgotar o assunto neste post, pois certamente haverá novos desdobramentos.
Fonte de imagem: Image by vectorjuice on Freepik
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